
No sertão do meu nordeste a terra resseca e aquece,
Chega a trincar e sentir dor.
Avermelha-se no barro, que de tão ressecado e mirrado
Não consegue caminhar.
Falta a chuva companheira, que sem eira e nem beira
Nunca chega nenhum lugar.
A estiagem logo se vê nas torneiras
E somente nas moringas, água barrenta de lá.
Os abutres se alimentam das carcaças das bezerras,
Das vacas e quebradeiras dos bois.
Uma família inteira se mede pela ossada,
Pois a fome endiabrada começa a açoitar depois.
Dói, dói demais e inicia na infância querida,
Passa por toda uma vida até a idade adulta.
A velhice nos cinquenta nos enruga e a demência
Vem como amiga e companheira oculta.
Mas a esperança de um povo
Que ainda crê em um Deus vivo nunca vai se acabar.
Vamos pensar positivo,
Pois um dia a governança deixará de espoliar.
Aí virá o respeito por um povo honesto,
Simples e ordeiro que acredita no amor;
Da santa terra querida, amor de nossas vidas,
Terra de nosso Senhor.
Este é o nordeste brasileiro,
Que modesto e faceiro tão belas frutas nos dá!
Basta um pouquinho de água e um pedacinho de terra
Para um dia ali se ver uma nação se instalar.
Autor Bessa de Carvalho
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