
No atravessar da noite úmida e escura,
Por entre as árvores que se agitam,
Pulsa um coração na sepultura
Junto às almas que ali habitam.
É o coveiro da manhã a ressonar
Envolvido pelo sono dos mortos,
Cansado de tanto trabalhar,
Repousa na cova dos ossos.
Pobre alma que ainda não foi
E apenas queria descansar,
Desperta e vê as estrelas depois
Após um sono pesado acordar.
Ouve passos largos se aproximando,
Assustado levanta do seu leito repousado,
Vê aquele ser que vem caminhando
Na penumbra, com os seus olhos arregalados.
Aterrorizado corre o pobre trabalhador,
Não olhando nem um minuto para trás,
Grita ele: socorro, socorro, socorrooo…
Parecia fugir de Satanás.
Mas o que o que ele ainda não sabia
É o ser que ali se encontrava,
Não era alma penada e sim Jeremias,
O coveiro do turno da noite chegada.
Autor Bessa de CarvalhoPublicado
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