
Depois do almoço sentado à mesa,
Fitava com os olhos abaixados,
Aquela formiga afoita e acesa
A buscar os restos do meu assado.
Agitada e sem pestanejar
Corre a danada com o pedaço de carne
Pelas frechas da mesa a escorregar,
Após fazer um preciso descarne.
Foge a famigerada formiga
Largando o osso no prato,
Pego a colher e caço a maligna
Tentando acertá-la de rastro.
Ela acelera desesperada,
Corro feito um louco atrás da bandida,
Tento novamente acertar a malvada,
Mas salta em um buraco aquela formiga.
Fico aguardando ela voltar,
Penso que agora não vai me iludir,
Mas ela consegue enfim me enganar
E rouba mais carne e começa a fugir.
Depois do almoço sentado à mesa,
Vejo a formiga os restos da carne levar,
Desisto da luta contra a natureza
Levanto-me e volto a trabalhar.
Autor Bessa de Carvalho
Direitos autorais reservados a Bessa de Carvalho