
Pelas belas cachoeiras dos mangueirais,
Banhava-me quando pequena criança,
Nas águas frias da cachoeira Esperança
Sentindo sempre um gosto de quero mais.
Alegrava-me naquela aventura
No chuá das águas gélidas e barrentas,
Misturando-se o sol alvacento às pirracentas
Crianças dividindo sorridente ternura.
Não ouvia o alerta da minha mãe contra os perigos
Das águas de forte pressão que arrastavam,
Até um dia que as flores me enfeitavam
O corpo morrediço avistado por amigos.
Rodeava o madeiro olhando um pequenino,
As lágrimas da minha mãe a corredeiras,
De dia à noite velava o morto e no dia seguinte a manhã inteira,
No ausente brilho e palidez de um menino.
Não entendia o porquê daquele corpo,
Só sabia que não estava mais ali,
De repente o meu pai há tempos morto,
Abraçou-me a dizer: confia em mim!
Despedi-me da minha mãe abraçado,
Aos amigos de infância, disse: logo mais
Com meu pai sorridente ao meu lado
Entrarei no portal dos imortais.
Autor Bessa de Carvalho
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