
O relógio no tic e tac marca as horas,
Vês o tempo passar como as águas mansas de um rio,
A solidão lhe corta o corpo como o ar frio,
Que balança e retira das árvores as amoras.
Passam-se os minutos a adivinhar
Por onde os ponteiros ali passarão,
Eles por fim em uma hora roubarão
O tempo que lhe poderia libertar.
Ó, solidão! Falsa amiga e conselheira,
Gotejando o teu veneno de forma medonha,
Para na queda das almas que abraça,
Num pensamento de agente matreira,
Ver a pobre criatura tristonha,
Cair definhando na própria desgraça.
Autor Bessa de Carvalho
Direitos autorais reservados a Bessa de Carvalho